domingo, 19 de outubro de 2008

SOLETRANDO OS SENTIDOS




Soletrando os sentidos

Do que sei, eu nem sei... Soletro os sentidos.
O meu saber é cingido, subentendido...
Meus sentidos eu entendo... Sentir eu sei.
Historio o que sentimento me articula,
Profiro o que está recôndito em minh’alma.
Minha alma é lúcida.

Eu... Não.

Carrego comigo o meu ser sem o compreender...
Se o compreendesse já não o induziria, dele ancila seria.
É lato o campo do saber, há muito que discorrer.
Tentativas improfícuas de quem tudo quis saber
Apontam lacunas entre o ambicionar e o obter.

Sigo soletrando os sentidos
Aprendendo a querer aprender.
Na escrivaninha da vida, faço meu livro.
Estando sendo eu não preciso ser.
Minha alma existe.

Eu... Apenas vivo.

Ivone Alves SOL

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ARCANOS DO CERNE DE UM POETA




Silenciosamente grita a alma de um poeta
Desprovido, seu coração dilacera no peito
Pedaços refeitos em versos, efeitos poéticos
Que sem nada dizer, fala de si sem saber

Palavras buriladas na tela de uma máquina
Maquinam e sabem como despi uma alma
Desnudam os desejos tácitos na epiderme
Desvendam os arcanos contidos no cerne

Imagens sonoras emergidas da poesia
Poeta valsando sua própria melodia
Descompasso de uma canção sem sintonia

Peregrino, o poeta sai de si pra buscar alento
No tempo, para em tempo encontrar
O que a alma acena e coração resiste a olhar

Ivone Alves SOL