domingo, 7 de agosto de 2011

TRAJETÓRIA DE UMA VIDA ESCRITA


Cinquenta poemas. Esse era o numero de composições que eu dispunha ao ingressar no Recanto das Letras em fevereiro de 2008. Claro que eu tinha escrito muito mais que isso! Afinal, escrevo desde a minha adolescência e, embora não tenha muito tempo, já faz alguns anos. (rs) A questão é que eu não levava a sério o que eu escrevia, na maioria das vezes eu desfazia após ler – era uma espécie de terapia absurda, um desabafo escrito, que eu lia, chorava, depois rasgava e me refazia. Não sei precisar as vezes que me comportei assim, mas certamente fora um número bastante expressivo.

Quem me inscreveu no Recanto foi meu irmão Iraildo Dantas, também usuário do site, depois de me incentivar a fazê-lo inúmeras vezes sem sucesso. Ele me escrevera em agosto, mas a minha primeira postagem só ocorrera em fevereiro do ano seguinte, e de uma forma totalmente agnóstica. Eu tinha ciência de que iniciava um bom trabalho literário e que, com sua lapidação no decorrer do tempo, me colocaria entre os bons escritores. Nunca tive falsa modesta, aliás, não gosto dessa expressão, na maioria das vezes ela exprime hipocrisia. Jamais tive a intenção de agradar a todos, ninguém agradara, mas não abro mão do compromisso que se deve ter ao tornar publico os seus feitos, em nosso caso, aqui no Recanto, o respeito aos nossos leitores e à arte, que apesar da liberdade de expressão, jamais deverá ser banalizada.

Surgem os primeiros comentários, todos elogiosos e com ponderações muito interessantes. Eu começo a ficar entusiasmada, e continuo postando e compondo outros, outros, outros mais... De repente, QUINHENTEI! Sim, esse fora o nome dado ao meu texto de número quinhentos. Fora um momento impressionante, pois eram muitos feitos em tão pouco tempo. “As minhas Sóis” se evidenciavam em minha vida escrita e eu mal sabia delas. Elas nasceram de meu útero poético e foram nomeadas por um desconhecido que, como eu, pensara ser apenas uma – é uma longa história que não cabe aqui.

Bem, vieram outras centenas: seiscentos, setecentos, oitocentos, novecentos... uma centena para um mil! Eu sei que muitos amigos já falam em milhares, mas era de mim que se tratava, e isso significava uma constatação do que na maioria das vezes, eu não compreendia. Eu paria versos de pais desconhecidos e, muitas vezes, eu paria sem gestar – ainda é assim e, quiçá, sempre será. Eu nunca sei com qual de mim, eu escrevo quando meus versos sorriem, pois sempre há um rio em meu rosto. Meu coração sempre se derrama em meus dedos e inunda minha face. Tristeza e alacridade compõem o meu viver.

Enfim, a esperada MIL POSTAGENS acontece, e dessa vez não me surpreende, mas eu fico surpresa comigo. Não gosto da sensação de que isso é normal, de que posso falar em milhares, prefiro a emoção que tive ao QUINHENTAR e a vontade que tenho de continuar me aperfeiçoando, quando comparo a minha primeira postagem à última.



Ivone Alves Sol